A importância da parceria

Nossos parceiros na erradicação da pólio falam sobre nosso importante papel.

Desde 1988, mais de um milhão de rotarianos doaram tempo e recursos para dar fim à poliomielite. Como líderes comunitários, eles promovem a conscientização, arrecadam fundos e incentivam os governos nacionais a doar e apoiar os trabalhos de erradicação da paralisia infantil. Contudo, a erradicação da poliomielite é um trabalho complexo e o Rotary não é capaz de fazê-lo sozinho. Os nossos parceiros na Iniciativa Global de Erradicação da Pólio (GPEI) prestam apoio técnico, investigam surtos, gerenciam a distribuição de vacinas, e muito mais. “Sabemos pelo nosso trabalho na erradicação da poliomielite e nas áreas de enfoque que o impacto que causamos é maior quando aproveitamos a perícia dos nossos parceiros”, afirma Mark Wright, âncora de notícias e associado do Rotary Club de Seattle. Wright moderou uma conversa com líderes de vários dos parceiros da GPEI sobre o que aprenderam nos últimos meses de pandemia da covid-19, e sobre como o Rotary pode aproveitar o conhecimento dos seus parceiros e contribuir ao bem-estar das comunidades em que atua. A conversa aconteceu durante a Convenção Virtual do Rotary, em junho de 2020, e foi condensada e editada para fins de clareza.

MARK WRIGHT: Como o legado da erradicação da pólio construído até agora tem servido ao combate da covid-19?

HENRIETTA FORE: O Rotary, o Unicef e os demais parceiros na GPEI têm feito um trabalho muito eficaz na capacitação de agentes de saúde comunitários, que formam a espinha dorsal de enfrentamento da comunidade. Todos os rotarianos devem ter orgulho da infraestrutura que eles ajudaram a criar, a qual está sendo utilizada contra a covid-19.

CHRISTOPHER ELIAS: Em 35 anos, nossa cruzada contra a pólio acumulou conquistas de porte, envolvendo testes laboratoriais, atividades de vigilância e uma dedicada força de trabalho presente nas campanhas de vacinação contra a paralisia infantil em todo o mundo. Em praticamente mais de 50 países onde a iniciativa de erradicação da poliomielite está ativa, estes recursos que mencionei têm sido alocados ao enfrentamento da covid-19. Muitos dos trabalhadores da linha da frente que fazem o rastreamento de contatos, vigilância e identificação de covid-19 já têm vasta experiência no combate à pólio. Eu participei de uma discussão recentemente com o ministro da saúde do Paquistão, e ele agradeceu a mim, ao Rotary, e aos demais parceiros da luta contra a poliomielite pela forma como nossa equipe no Paquistão tem sido útil no embate ao surto da covid-19 no país e em muitos outros. Os países mais pobres, e o mundo como um todo, estão se beneficiando da infraestrutura que criamos nas três últimas décadas. 

REBECCA MARTIN: As equipes STOP (Stop Transmission of Polio) são formadas por pessoas que fazem o trabalho de campo essencial às atividades de vigilância, coletando dados em tempo real para a tomada de decisões. No começo de maio, 48% do tempo dessas equipes em 32 países onde estão presentes tinha sido empregado em atividades de covid-19, tais como rastreio de contatos, comunicação com distanciamento físico, quarentena, coleta e análise de dados. Mais de 18.000 trabalhadores da GPEI estão capacitando trabalhadores da saúde, coordenando medidas de controle para a prevenção de infecções e comunicação sobre possíveis riscos. Sem dúvidas, nosso aparato de combate à pólio está servindo muito bem ao enfrentamento da covid-19.

WRIGHT: Quais lições aprendidas com nossas parcerias e experiência na luta contra a pólio podemos usar para definir e medir nosso impacto em outras áreas ?

BRUCE AYLWARD: Temos muito respeito e confiança no Rotary por sua presença de base e reputação comunitária. Este é um dos maiores trunfos que o Rotary nos dá, tanto na erradicação da pólio quanto agora no controle da covid-19 e também nos desafios que ainda virão. Vocês geram confiança e formam parcerias locais em tempos de paz para a realização de projetos que as comunidades precisam e desejam. Depois, em épocas de crise como agora, vocês constroem as pontes em que seus parceiros, como nós da OMS, depositarão toda a confiança.

WRIGHT: Vocês podem falar sobre a parceria entre as suas organizações e o Rotary International? Como tem sido nosso trabalho conjunto na sua opinião, e quais são alguns destaques que conquistamos?

FORE: Penso que a nossa maior lição é confiar nas habilidades únicas de cada um de nós. Nossa relação é como um casamento, que pode durar 20, 40, 50 anos. Qual a melhor forma de nos respeitarmos mutuamente e nos adaptarmos? Os rotarianos estão sempre prontos a arregaçar as mangas e se lançar ao trabalho. Em alguns países, eles atuam ao lado dos trabalhadores comunitários. Em outros, conduzem pesquisa, supervisionam os trabalhos e também falam com os governos locais no sentido de aumentar a conscientização e comprometimento com o fim da pólio no país. Juntos, podemos  executar todas as etapas necessárias para acabar com a poliomielite
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ELIAS: A nossa é uma relação de parceria e não apenas de financiamento, e esta é a característica mais importante. Juntos, financiamos a vacina antipólio e sua distribuição mundo afora. Temos também trabalhado em conjunto na Iniciativa Global de Erradicação da Poliomielite. Nos últimos 10 anos, tenho trabalhado com muitos líderes do Rotary na elaboração de estratégias e na manutenção do foco no progresso incrível que fizemos, para eliminar uma doença que matou e deixou milhares de crianças paralíticas por tanto tempo. E veja que este progresso todo aconteceu mesmo frente a tantas exigências e responsabilidades que demanda nossa atenção na esfera da saúde e do desenvolvimento global. Por isso, temos sido conjuntamente financiadores defensores e muitos rotarianos têm trabalhado pessoalmente em campanhas de combate à poliomielite no mundo todo. Esta é uma das nossas principais parcerias, que nos ajudará a conquistar o sucesso que a Fundação Bill e Melinda Gates anseia. 

MARTIN: A contribuição mais importante e impactante do Rotary são os próprios rotarianos que trabalham em nível comunitário, nacional e global, e a sua inigualável capacidade de arrecadar fundos há mais de três décadas. Por causa do Rotary, conseguimos dialogar com líderes e influenciadores nas diferentes comunidades para vacinar crianças na Índia, Nigéria, Paquistão e em muitos outros países. O Rotary também tem sido um forte parceiro do CDC na nossa contra a malária e o HIV, e nas iniciativas de água, saneamento e higiene. Temos trabalhado lado a lado em países como Índia, Nigéria e África do Sul em Dias da Saúde da Família Rotária, fornecendo imunizações, conscientizando a população sobre como prevenir HIV/aids e fazendo rastreamento de câncer no colo do útero.

WRIGHT: As comunidades e organizações contam com o Rotary em tempos difíceis. Como podemos nos tornar um parceiro ainda mais eficaz?

AYLWARD: Enquanto o Rotary considera os efeitos prolongados da atual pandemia, penso que o momento também serve para refletir sobre as suas prioridades, especialmente as da Fundação Rotária, para garantir que sua atuação esteja focada nos lugares certos. Quando olhamos para desafios como salvar vidas e prevenir o agravamento de doenças por causa da covid-19, algumas das maiores barreiras têm sido o analfabetismo, a pobreza e a marginalização de populações inteiras, assuntos estes que figuram na lista de prioridades do Rotary há anos. 

• Artigo originalmente publicado na edição de outubro de 2020 da revista Rotary.

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